Deficiência Intelectual e linguagem

A deficiência intelectual é uma condição complexa e identificada como diminuição significativa do funcionamento intelectual no período do desenvolvimento infantil afetando a comunicação social e a vida prática. Pode ser também denominada de atraso global do desenvolvimento quando o diagnóstico é antes de 5 anos de idade.

Primeiro, é importante conhecer as fases do desenvolvimento da linguagem da criança nos primeiros anos de vida. Na deficiência intelectual ou no atraso global do desenvolvimento, uma das manifestações clínicas mais comuns nos primeiros anos de vida (antes dos 18 meses) é o atraso no desenvolvimento da linguagem.

O desenvolvimento da linguagem segue várias fases. Primeiramente, por volta dos 6 meses de vida, o bebê começa a balbuciar, e aos 9 meses, geralmente, já emite balbucios com intenção de se comunicar. Em seguida, aos 12 meses, a criança começa a pronunciar suas primeiras palavras, e aos 2 anos, consegue formar frases simples com duas ou três palavras. Finalmente, aos 3 anos, a criança é capaz de formar frases mais elaboradas, com sujeito e verbo, conseguindo dialogar com os membros da família. Nesta fase, é importante verificar se qualquer adulto consegue entender o discurso da criança.

Por outro lado, na criança com suspeita de atraso global do desenvolvimento ou deficiência intelectual, pode-se observar um atraso em qualquer uma das fases do desenvolvimento da linguagem descritas acima. Essas crianças também podem apresentar uma fala mecânica, sem espontaneidade, comunicando-se por gestos representativos ou indicativos e emitindo alguns sons sem significado, conhecidos como “grunhidos” ou “jargões”.

Além disso, elas podem ter um comportamento imitativo por mais tempo do que as crianças com desenvolvimento típico, ou seja, repetem geralmente a última palavra ou outra palavra de uma pergunta que foi feita para elas quando querem começar sua resposta. Quando estão na fase pré-escolar ou escolar, essas crianças podem apresentar dificuldades escolares, como não conseguir entender as explicações dos professores, ter dificuldade em aprender a ler e (ou) escrever, além de ter déficit de atenção e dificuldade na coordenação motora fina, como dificuldade em desenhar, colorir ou escrever.

Esta suspeita justifica uma avaliação específica com um profissional como o Foniatra, que é um médico especializado no estudo de distúrbios de linguagem e aprendizagem e pode auxiliar no diagnóstico correto. Essa condição também pode levantar suspeitas de outros problemas, como autismo (TEA), transtorno do desenvolvimento da linguagem (TDL) ou apraxia de fala na infância.

O diagnóstico precoce e a introdução de terapias especializadas o mais rapidamente possível, como fonoterapia, terapia ocupacional, terapia psicológica, musicalização, entre outras, podem auxiliar no desenvolvimento dessa criança e reduzir a diferença em relação às crianças com desenvolvimento típico. Além disso, essas intervenções podem ter um impacto positivo no futuro dessas crianças, influenciando seu desempenho escolar, profissional e suas relações sociais.

O que é deficiência intelectual?

É uma condição muito complexa e identificada como diminuição significativa do funcionamento intelectual, no período do desenvolvimento. Ela afeta a comunicação social e a vida prática.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito principalmente por testes padronizados para análise do quociente de inteligência (QI), sendo considerado deficiência intelectual os indivíduos com QI inferior 70. Em crianças pequenas o diagnóstico inicial é atraso global do desenvolvimento.

Classificação da OMS de Deficiência Intelectual (DI) conforme o QI

CLASSIFICAÇÃO:

DI leve – QI 50 a 70 – Frequência 85%

DI moderada – QI 35 a 49 – Frequência 10%

DI grave – QI 20 a 34 – Frequência 3% a 4%

DI profunda – QI menor 20 – Frequência 1% a 2%

Todas crianças podem fazer os testes de QI?

Não, os testes são aplicados para crianças maiores de 5 anos.

Antes desta idade, as crianças suspeitas são diagnosticas como tendo atraso do global do desenvolvimento, sendo observados alterações na linguagem (descritas acima), dificuldades em realizar atividades motoras finas (desenhar, segurar os talheres, segurar o lapis), atraso na autonomia (tomar água no copo, comer sozinho, vestir sua roupa, tirar a fralda), alterações no comportamento (dificuldade para dormir, acorda muitas vezes a noite, bate nos coleguinhas da escola, criança nervosa ou ansiosa) e nas competências sociais (dificuldade para manter contato com outra pessoa, brinca sozinho).

Qual o risco de deficiência intelectual?

Segundo a OMS, nos países de baixa e média a prevalência é de 2 a 3% da população infantil e nos países de alta renda a prevalência é 1 a 3% da população infantil.

Quais os principais fatores que causam a deficiência intelectual?

Existem causas genéticas e não genéticas.

As causas genéticas são muitas e estima-se mais de 1000 genes associados. As causas mais frequentes são; Síndrome de Down (1:700 a 1:100 nascidos vivos) e Síndrome do X Frágil (1:5000 nascidos vivos).

As causas não genéticas são, na maioria, externas ou ambientais que afetam o cérebro do bebê no período gestacional, durante o parto ou nos primeiros anos de vida. As causas mais frequentes são o uso abusivo de álcool durante a gestação, que leva a Síndrome Alcoólica fetal ou Transtorno do Álcool Fetal, e as infeções congênitas que podem prejudicar o sistema nervoso central por meningite, encefalite e traumas cranianos.

Referências bibliográficas:

– American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 5th ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.

https://www.omim.org

– Johnson CP, Walker WO Jr, Palomo-González SA, Curry CJ. Mental retardation: diagnosis, management, and family support. Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care. 2006 Apr; 36(4): 126-165. DOI: 10.1016/j. cppeds.2005.11.005.

– Huang J, Zhu T, Qu Y, Mu D. Prenatal, perinatal and neonatal risk factors for intellectual disability: a systemic review and meta-analysis. PLoS One. 2016; 11(4): e0153655. DOI: 10.1371/journal.pone.0153655.

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Dra. Mônica Elisabetht Simons Guerra

Dra. Vanessa Magosso Franchi