
O que é Transtorno do Desenvolvimento de Linguagem (TDL)?
O TDL é um distúrbio de linguagem. Dizemos que uma criança tem TDL quando ela apresenta um prejuízo significativo e persistente na aquisição e no desenvolvimento da linguagem.
Toda criança com TDL é igual?
Não, existe uma grande variabilidade nas manifestações clínicas. O TDL pode afetar tanto a linguagem expressiva (como a forma de falar, articulação, estruturação das frases, trocas sonoras) quanto a linguagem receptiva (dificuldades de compreender o que é dito por outros).
Então, pode haver níveis de gravidade diferentes?
Sim, as dificuldades específicas de cada criança determinam o seu nível de gravidade. Crianças com maiores alterações na compreensão da linguagem geralmente apresentam quadros mais graves.
O TDL é frequente?
Infelizmente, sim. Pesquisas recentes indicam que cerca de 7,5% das crianças entre 4 e 5 anos são afetadas pelo TDL, o que significa que, em uma sala de aula, aproximadamente duas crianças em cada 30 podem ter o transtorno. Os meninos são mais frequentemente afetados que as meninas.
Qual é a importância de identificar e tratar essas crianças?
Sabe-se que o TDL pode impactar significativamente a alfabetização, aprendizagem, amizades e bem-estar emocional. Muitas crianças com TDL iniciam a alfabetização de maneira normal, mas podem enfrentar dificuldades crescentes em compreensão de leitura à medida que as exigências escolares aumentam, o que afeta o aprendizado não apenas da leitura, mas também da escrita e matemática.
É possível fazer exames preventivos para detectar o TDL?
Não há testes biomédicos para detectar precocemente o comprometimento de linguagem, pois o diagnóstico é essencialmente clínico. Conhece-se alguns fatores genéticos e marcadores neurobiológicos que podem contribuir para os problemas de linguagem, mas a influência ambiental é decisiva.
É possível prever a gravidade e os prejuízos na aprendizagem?
É difícil prever quais crianças terão problemas persistentes. Sabe-se que muitas crianças com atraso de linguagem alcançam seus pares sem qualquer tratamento ou ajuda especial. Contudo, fatores como atraso de linguagem, baixa compreensão, uso inadequado de gestos e histórico familiar de comprometimento de linguagem são indicativos de risco para a persistência dos problemas de linguagem a longo prazo. Quanto maior a gravidade do comprometimento de linguagem, maior a probabilidade de persistência do problema e de causar repercussões até a vida adulta.
O que fazer se meu filho ainda não fala?
Independentemente da idade de seu filho, se você ou seus familiares e amigos perceberem que ele poderia estar falando mais, a melhor conduta é procurar ajuda especializada o quanto antes. Quanto mais cedo iniciar o tratamento especializado, menores serão as chances de persistência dos sintomas e de repercussões negativas no aprendizado escolar e no desempenho afetivo, social e econômico futuro.
Consulte um médico foniatra!
Referências bibliográficas:
- Bishop DVM, Snowling MJ, Thompson PA, Greenhalgh T, CATALISE consortium (2016) CATALISE: A Multinational and Multidisciplinary Delphi Consensus Study. Identifying Language Impairments in Children. PLoS ONE 11(7): e0158753. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0158753
- www.radld.org
- DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)
Dra Mônica Elisabeth Simons Guerra
Dra Vanessa Magosso Franchi